sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Resenha | Sob o céu do nunca

Capa metalizada do livro Sob o céu do nunca. Sob o céu do nunca - Never Sky #1
Autor: Veronica Rossi.
Tradução: Alice Klesck.
Editora: Prumo.
Páginas: 336.
ISBN: 9788579272363.
Skoob

Sinopse:

Desde que fora forçada a viver entre os Selvagens, Ária sobreviveu a uma tempestade de Éter, quase teve o pescoço cortado por um canibal, e viu homens sendo trucidados. Mas o pior ainda estava por vir... Banida de seu lar, a cidade encapsulada de Quimera, Ária sabe que suas chances de sobrevivência no mundo além das paredes dos núcleos são ínfimas. Se os canibais não a matarem, as violentas tempestades elétricas certamente o farão. Até mesmo o ar que ela respira pode ser letal. Quando Ária se depara com Perry, o Forasteiro responsável por seu exílio, todos os seus medos são confirmados: ele é um bárbaro violento. É também sua única chance de continuar viva.

Eu já resenhei vários livros distópicos aqui no blog. É um gênero que eu gosto bastante e que teve um estopim há alguns anos com o lançamento de Jogos Vorazes. Distopia é aquele gênero literário em que, num futuro muitas vezes não definido, uma pessoa, uma sociedade ou uma entidade tem o poder total sobre a vida dos outros. Sempre que eu vejo uma editora anunciando um novo distópico, ao mesmo tempo em que fico feliz também fico receoso de ser mais do mesmo. Sob o céu do nunca começou bem morno, mas depois foi aquecendo como uma chuva de éter e melhorou muito!

O futuro, por Veronica Rossi

(...) Não podia acreditar que um dia as pessoas tinham vivido assim, sem nada além do real. Os Selvagens de fora ainda viviam assim.
Página 10.

Veronica Rossi nos apresenta um mundo em que algumas pessoas passam a viver em cidades encapsuladas chamadas de núcleos para se proteger de suas principais ameaças exteriores. Muitas sequer chegam a conhecer o mundo fora de suas paredes. Dentro dos núcleos, as pessoas vivem uma realidade virtual aumentada através de um dispositivo chamado de Olho. Ele permite a comunicação entre pessoas de diferentes cidades como se fosse um telefone e interação através dos Reinos. Grosso modo, são como super redes sociais com uma realidade espantosa.

Do lado de fora, por conta de um fenômeno que cobriu o céu com uma substância que eles chamam de Éter, o mundo se tornou um lugar perigoso. As tempestades de éter matam a natureza e fizeram com que a outra parte da população se adaptasse às mudanças. Elas se tornaram mais fortes para viver no mundo hostil e... selvagem. Se dentro dos núcleos as pessoas têm praticamente tudo o que querem, vivendo uma grande alienação, os selvagens vivem a realidade mais primitiva. Alguns caçam animais, outros são canibais.

O conflito

Ária tem 17 anos e vive no núcleo Quimera. Preocupada com a falta de notícias da mãe que passou a viver no núcleo Nirvana por conta de seu trabalho científico, Ária resolve flertar com Soren, filho do diretor de segurança de Quimera afim de obter informações sobre o que poderia ter ocorrido em Nirvana. No entanto, algo sai completamente errado quando Soren resolve ter uma aventura real e, prestes a morrer, Ária é salva por um homem misterioso. Por conta dessa violação à segurança do núcleo, ela acaba sendo banida. É então que ela precisa empreender uma jornada até Nirvana para que sua mãe a ajude a provar sua inocência nos acontecimentos em Quimera.

(...) Ele não precisava de ninguém lhe dizendo o que ele era. Ele sabia. Sabia o que era, desde o dia em que nascera.
Página 150.

Perry tem 18 anos e é um Selvagem que pertence a tribo dos Marés, controlada por seu irmão mais velho chamado Vale. Eles se enfrentaram recentemente; o sonho de Perry é ser o Soberano de Sangue dos Marés. Mas para isso, o líder atual precisa ser morto ou se submeter às ordens do novo líder. Mas como arriscar perder o carinho do sobrinho Talon colocando o pai dele em tamanha vergonha na frente de todos? Durante um passeio com o garoto, Perry acaba cometendo um erro e Talon é levado numa nave dos Ocupantes. Portanto, a missão de Perry é resgatar o sobrinho antes que algo ruim aconteça.

"Mas Tiago, você está contando tudo do livro! Não vai ter graça ler depois." Acalmem-se, eu não contei nada que não esteja na orelha e menos ainda do que está lá. Vou explicar mais a seguir.

Desenvolvimento

A narrativa é em terceira pessoa intercalando o ponto de vista de Ária e Perry. Isso foi essencial para conhecermos o mundo alienado em que Ária vive e experimentar as dificuldades de Perry. Não é muito fácil entender como funciona o Olho e os Reinos, mas no decorrer da narrativa as explicações necessárias são feitas. Assim também para os Selvagens com seus sentidos super aguçados. Porém, a existência do Éter não é completamente esclarecida.

No começo, achei que a autora se perderia porque o livro estava bem morno. Veronica demora quase 100 páginas para nos jogar nos conflitos dos personagens que movem a história. Dependendo do livro, eu espero que esse momento chegue pelo menos até a página 50. Mas depois que Ária e Perry se encontram, o livro tem uma melhora muito grande. Eles precisam resolver suas diferenças e, de algum modo, unir seus objetivos para seguir em frente. Mas o livro teria sido perfeito se a autora não tivesse pecado e explorado tão pouco a tensão sexual entre os personagens. Há uma centelha, uma pequena chama que abriu caminho para um fogaréu que espero ter sido abordado na continuação que saiu no começo de 2013 nos EUA. Acredito que esse foi o único motivo de eu não ter dado 5 estrelas.

Por favor, Veronica, tenha explorado isso!

Concluindo

Eu já tive a oportunidade de ver o trabalho gráfico da Prumo no livro Legend, um outro distópico muito bom. A capa é bem bonita, toda metalizada e tem muito a ver com a história. As páginas são amareladas e o papel mais grosso. Todos os capítulos possuem um detalhe de galhos junto ao nome do narrador do mesmo. A revisão está bem feita; eu não lembro de ver qualquer erro.

Diagramação do livro Sob o céu do nunca.


Fiquei bem surpreso ao descobrir que Veronica Rossi é brasileira. Porém, desde pequena ela não mora no Brasil. Atualmente, vive nos Estados Unidos e vendeu os direitos de adaptação de Sob o céu do nunca para a Warner Bros.

Sob o céu do nunca me surpreendeu positivamente. Mais do que recomendado para quem tem necessidade de uma distopia instigante!

- As nuvens se dissipam? - perguntou ela.
- Completamente? Não. Nunca.
- E quanto ao Éter? Ele some em algum momento?
- Nunca, Tatu. O Éter nunca some.
Ela olhou para cima.
- Um mundo de nuncas sob o céu do nunca.
Página 116.

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